Notícia
Nutrição como aliada: fortalecendo a saúde de quem vive com Aids/HIV
22 de Dezembro de 2023

A integração de cuidados nutricionais no manejo do HIV/Aids é essencial para uma abordagem holística da saúde
A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) representam desafios significativos para a saúde. E, além das questões médicas, o nutricionista desempenha um papel crucial no manejo da condição e na qualidade de vida das pessoas soropositivas.
Segundo a nutricionista Roberta Fontana, é este profissional que fica responsável por elaborar planos alimentares para atender as necessidades específicas do paciente. O plano alimentar aborda a avaliação nutricional, manutenção do peso e, principalmente, o fortalecimento do sistema imunológico.
“A infecção pelo HIV faz com que o paciente se sinta emocionalmente abalado, com falta de apetite, e sua autoestima fica comprometida. Em alguns casos de diagnóstico tardio, ele pode apresentar doenças oportunistas que impactam diretamente em sua rotina alimentar, como, por exemplo, a monilíase oral, que dificulta a deglutição do alimento”, explica Fontana.
As pessoas que vivem com esta doença enfrentam complicações que afetam diretamente o estado nutricional. De acordo com Roberta Fontana, os maiores desafios são intimamente ligados com o uso da TARV (terapia anti-retroviral) e seus possíveis efeitos adversos ao longo do uso, tais como: dislipidemia, lipodistrofia, diabetes, osteopenia; podendo ser superado mediante ao plano alimentar adequado individualizado, que impacta diretamente na prevenção do desenvolvimento de tais patologias.
A nutrição, inclusive, pode ajudar a minimizar os efeitos colaterais dos medicamentos antirretrovirais. Segundo a diretora do Serviço de Nutrição e Dietética do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Roberta Camargo, entre os mais frequentes e que podem ser amenizados através da alimentação encontram-se: diarreia, náuseas e vômitos; feridas na boca e formação de gases intestinais.
Portanto, a integração de cuidados nutricionais no manejo do HIV/Aids é essencial para uma abordagem holística da saúde. A educação contínua sobre nutrição, aliada a programas de suporte, pode não apenas melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas também fortalecer a resiliência do sistema imunológico, desempenhando um papel valioso na jornada de saúde das pessoas que vivem com HIV/Aids.
Estratégias nutricionais recomendadas para lidar com a síndrome de desperdício associada ao HIV
A síndrome do desperdício ou síndrome consumptiva é uma condição grave em que há uma perda significativa de peso, massa muscular e gordura corporal. Segundo a nutricionista Roberta Camargo, em pacientes com HIV, essa síndrome pode se manifestar e é importante abordá-la adequadamente.
As estratégias incluem: avaliação médica regular, nutrição adequada, suplementos nutricionais, controle de infecções oportunistas, exercício físico controlado, monitoramento psicológico e ajustes nos medicamentos. “A abordagem ideal deve ser personalizada, considerando as necessidades específicas de cada paciente. A colaboração entre médicos, nutricionistas e outros profissionais de saúde é fundamental para o gerenciamento eficaz da síndrome do desperdício em pessoas com HIV”, acrescenta Camargo.
Quanto aos pacientes com HIV/Aids que também tem diabetes, é fundamental adotar uma abordagem equilibrada na alimentação. “Priorizar uma dieta rica em vegetais, proteínas magras e fibras. Controlar a ingestão de açúcares e carboidratos, escolhendo opções de baixo índice glicêmico. O correto é consultar um profissional de saúde para um plano personalizado, levando em consideração as necessidades específicas e possíveis interações medicamentosas”, explica a diretora.
Fontes: Meire Pereira, Miriam Kloc Barcha, Roberta Camargo e Roberta Fontana.
Por Bruna Hammes