Estéticas de magreza: pressão estética e estigmatização do corpo gordo
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Estéticas de magreza: pressão estética e estigmatização do corpo gordo

26 de Julho de 2024

Estéticas de magreza: pressão estética e  estigmatização do corpo gordo

 

 

 

Estéticas de magreza: pressão estética e 

estigmatização do corpo gordo

Luana Cordeiro de Oliveira - CRN-3 81.975/P

 

 

Os valores estéticos de uma sociedade se transformam ao longo do tempo e são moldados pela influência de contextos históricos, culturais e econômicos. O que há alguns anos era considerado belo e desejável, hoje pode ser o oposto. Quando nos referimos à estética relacionada ao corpo, diversos aspectos se cruzam. Dentre eles, o peso corporal é um fator de grande relevância ao construir e determinar o que é um padrão corporal tido como bonito, saudável e desejável. Com a disseminação das mídias e redes sociais, a modificação desses padrões e surgimento de novas tendências ocorre de forma muito mais rápida e cotidiana, o que quase impossibilita o alcance a um corpo “padrão”. De toda forma, nos dias atuais, um corpo considerado bonito, desejado e saudável é um corpo magro, preferencialmente musculoso, sem marcas, rugas ou pelos - padrão que recai com mais ímpeto em corpos femininos.

 

Ao passo em que há uma supervalorização de corpos magros, há a consequente desvalorização e estigmatização de corpos maiores, ou corpos gordos (termo utilizado nesse texto como um descritor, sem qualquer tipo de conotação negativa). A gordura corporal é relacionada a estereótipos negativos de desleixo, falta de força de vontade, descuido, gula, preguiça. Embora o controle do peso corporal seja muito complexo e não esteja sob controle individual de cada pessoa, ter um corpo magro e musculoso é colocado como uma questão apenas de dedicação e empenho, especialmente nas redes sociais. Assim, toda pessoa que não é capaz de ter um corpo nesses moldes é vista como alguém menos válido, passando por diversos processos de desvalorização e discriminação, o que leva a produção de violências e exclusões de naturezas variadas.

 

            Embora operem por caminhos que se cruzam, a pressão estética e a estigmatização do corpo gordo são coisas diferentes. Enquanto a pressão estética está a um nível de valorização e desvalorização social que não impede o acesso a lugares ou direitos, apesar de acarretar outros prejuízos, a estigmatização faz com que pessoas com corpos gordos tenham direitos negados, sofram violências diversas e tenham suas possibilidades de vida prejudicadas. Ou seja, o estigma diz respeito à perda de acesso a direitos e de status social, que leva a desfechos desfavoráveis para a vida da pessoa estigmatizada.

 

Além disso, há de se considerar que a experiência de cada pessoa no mundo será única, moldada pela vivência da intersecção de marcadores sociais de diferença como raça, gênero, classe social, sexualidade, capacidade e outros. Pessoas não brancas, mulheres, pessoas trans, pessoas pobres, pessoas LGBTQIAP+ passam por processos diversos de marginalização e vulnerabilização, que as colocam em contextos ainda mais suscetíveis a violências e exclusão social. Tais intersecções também irão operar de forma a complexificar e potencializar o sofrimento gerado pela estigmatização e pelas pressões estéticas impostas socialmente. Assim, a diversidade é cada vez mais excluída e rechaçada, e o padrão torna-se algo cada vez mais inalcançável e estéril - que em nada tem a ver com saúde.


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